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Ações, omissões e afetividade!
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Ações, omissões e afetividade!
Sobre o texto “Bicicletas e a história afetiva da cidade”, publicado na Gazeta do Povo do dia 05 / 09 / 2009.
Alguns laços afetivos precisam de tempo para nascerem, ou se tornarem mais fortes. Todos nós temos um amigo (a) que, sabendo que teria de mudar de cidade, o fazia com uma certa cisma, com saudades antecipadas do que ficaria para trás.
É preciso um pouco de convivência, é preciso experimentar as novidades, é preciso histórias, e é preciso emoção para criar esse vínculo que chamamos de afeto. E me parece que temos muito pouco espaço para a emoção (a não ser as ruins, que sempre queremos esquecer). Não parece haver muito espaço para histórias. Resultados, eficiência e praticidade vêm primeiro. Esse laço afetivo que temos com a cidade que adotamos como nossa (para aqueles que, como eu, não nasceram aqui) parece não estar sendo correspondido. Tudo bem que a Curitiba pacata não existe mais, e não voltará a existir, mas o preço individual / pessoal está se tornando muito alto.
Para ficar apenas no exemplo do trânsito (que tem TUDO a ver com nosso dia a dia nas bikes), o “Jornal Estadual” tem exibido há quase dois meses a campanha "Respeito ou Morte", como parte da estratégia do governo de “re-adestrar” os motoristas que circulam nas veias desse organismo vivo. Resta concluir que nós, meros micro-organismos, precisamos nos adequar. Mas e as NOSSAS necessidades? Ao comparar o desenvolvimento (ou a vida) de uma cidade ao de uma pessoa, o Jorge (Goura) levantou uma questão interessante, para a qual não damos (ou deixamos de dar) importância. Se a biografia de uma cidade é constituída pela soma dessas histórias singulares, as ações (e omissões) de cada indivíduo podem mudar essa história, ou essa biografia. O fato de terceirizarmos as decisões elegendo representantes é pouco significativo, do ponto de vista prático.
É fato também que, para mudarmos “a biografia de Curitiba” precisaremos de novos esforços, ordenados e focados, para produzir ações e resultados mais palpáveis em prol dos seus habitantes, em prol da qualidade de vida dos seus habitantes.
Sabemos que esse capítulo – de desenvolvimento da cidade, com o crescimento acelerado de sua população – começou a ser escrito muito tempo atrás. À época de sua concepção, ouso imaginar que não havia sequer vislumbre das necessidades atuais. E se o objetivo era transformar a capital em uma potência econômica – e o fato de termos um grande crescimento prova isso – as idéias apresentadas foram muito bem aceitas. Lembro de uma das linhas de raciocínio (com a qual concordo) que dizia que os habitantes precisavam "gostar da sua rua", para daí poderem realmente demonstrar esse sentimento e assim, evidenciar o quanto a cidade era querida. A idéia deu certo. Demais até, como se vê - já que essa propaganda trouxe muita gente para cá, e esse imenso crescimento / desenvolvimento parece não ter sido totalmente previsto. Eu gostei da minha rua, do bairro onde eu morava e de todos por onde eu passava.
A qualidade de vida que se tentava colocar à disposição era também um meio promocional, mais do que um fim? Talvez parte da estratégia. Funcionou. Mas sou só eu que acho que os espaços urbanos de lazer criados àquela época deixaram na nossa boca um gostinho de “quero mais”? Ficou uma certa melancolia misturada com saudade, daqueles dias em que podíamos sair quase a qualquer hora sem medo de atos violentos, e isso nem faz tanto tempo assim.
Essa cidade, cuja biografia estamos escrevendo hoje (escrita por seus governantes, seus assessores, e também por seus moradores) pode ser brilhante e divertida, e pode ter um belo currículo a lhe abrir as portas, mas precisa que nós, que somos parte de sua biografia, a tragamos de volta a razão. Em meio à sua história houveram boas decisões, mas precisamos de mais. Mais vontade, mais cobrança, mais ousadia.
Voltando às ações e omissões: entendo que, antes, ser ousado era mais simples, pois havia um grande objetivo que era comum e outros, secundários, facilmente podiam ser deixados em segundo plano. Mas cresceu a cidade e cresceu a população, cresceram os problemas, e cresceu muito o número de necessidades e objetivos distintos, tanto individuais quanto coletivos. Agora, ser ousado é um risco. Mas existe um risco maior: o de que as pessoas fiquem eternamente em segundo plano nas políticas públicas, recebendo vez por outra ações (atenções) paliativas destinadas a minimizar situações aparentemente consideradas apenas como pontuais. Acredito piamente que nosso maior defeito é querer resolver o problema que temos HOJE, que sabemos que nasceu há muitos ONTENS, e que AMANHÃ, quando finalmente estivemos perto de resolver, já terá mudado. Será um problema diferente!
Sempre que estou guiando grupos, não meço esforços para que as pessoas se envolvam umas com as outras, para que surja emoção, entre elas, para que tenham histórias em comum, e que com isso a viagem valha mais ainda a pena. Nessa cidade, precisamos de locais para contar histórias.
Minha primeira sugestão: aos domingos, das 09:00 às 13:00 horas, a Avenida Visconde de Guarapuava, por exemplo, teria uma das pistas fechada para o trânsito de carros em toda a sua extensão, ficando exclusivamente para bicicletas, skates, pedestres, patinadores e etc. Esse seria um novo espaço de viver momentos alegres e criar novas histórias. Essa iniciativa poderia ocorrer também em vários bairros, com ruas sendo destinadas ÀS PESSOAS, PARA QUE AS PESSOAS que nela vivem possam redescobrir o prazer de andar por elas, brincar nelas, ou simplesmente sentar à beira da rua e olhar os que passam.
Isso sim seria ousado, isso seria pensar nas pessoas. E pensar nas pessoas pode ser o nascimento de um laço afetivo!
Texto da "Gazeta do Povo":
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=921516&tit=Bicicletas-e-a-historia-afetiva-da-cidade
Alguns laços afetivos precisam de tempo para nascerem, ou se tornarem mais fortes. Todos nós temos um amigo (a) que, sabendo que teria de mudar de cidade, o fazia com uma certa cisma, com saudades antecipadas do que ficaria para trás.
É preciso um pouco de convivência, é preciso experimentar as novidades, é preciso histórias, e é preciso emoção para criar esse vínculo que chamamos de afeto. E me parece que temos muito pouco espaço para a emoção (a não ser as ruins, que sempre queremos esquecer). Não parece haver muito espaço para histórias. Resultados, eficiência e praticidade vêm primeiro. Esse laço afetivo que temos com a cidade que adotamos como nossa (para aqueles que, como eu, não nasceram aqui) parece não estar sendo correspondido. Tudo bem que a Curitiba pacata não existe mais, e não voltará a existir, mas o preço individual / pessoal está se tornando muito alto.
Para ficar apenas no exemplo do trânsito (que tem TUDO a ver com nosso dia a dia nas bikes), o “Jornal Estadual” tem exibido há quase dois meses a campanha "Respeito ou Morte", como parte da estratégia do governo de “re-adestrar” os motoristas que circulam nas veias desse organismo vivo. Resta concluir que nós, meros micro-organismos, precisamos nos adequar. Mas e as NOSSAS necessidades? Ao comparar o desenvolvimento (ou a vida) de uma cidade ao de uma pessoa, o Jorge (Goura) levantou uma questão interessante, para a qual não damos (ou deixamos de dar) importância. Se a biografia de uma cidade é constituída pela soma dessas histórias singulares, as ações (e omissões) de cada indivíduo podem mudar essa história, ou essa biografia. O fato de terceirizarmos as decisões elegendo representantes é pouco significativo, do ponto de vista prático.
É fato também que, para mudarmos “a biografia de Curitiba” precisaremos de novos esforços, ordenados e focados, para produzir ações e resultados mais palpáveis em prol dos seus habitantes, em prol da qualidade de vida dos seus habitantes.
Sabemos que esse capítulo – de desenvolvimento da cidade, com o crescimento acelerado de sua população – começou a ser escrito muito tempo atrás. À época de sua concepção, ouso imaginar que não havia sequer vislumbre das necessidades atuais. E se o objetivo era transformar a capital em uma potência econômica – e o fato de termos um grande crescimento prova isso – as idéias apresentadas foram muito bem aceitas. Lembro de uma das linhas de raciocínio (com a qual concordo) que dizia que os habitantes precisavam "gostar da sua rua", para daí poderem realmente demonstrar esse sentimento e assim, evidenciar o quanto a cidade era querida. A idéia deu certo. Demais até, como se vê - já que essa propaganda trouxe muita gente para cá, e esse imenso crescimento / desenvolvimento parece não ter sido totalmente previsto. Eu gostei da minha rua, do bairro onde eu morava e de todos por onde eu passava.
A qualidade de vida que se tentava colocar à disposição era também um meio promocional, mais do que um fim? Talvez parte da estratégia. Funcionou. Mas sou só eu que acho que os espaços urbanos de lazer criados àquela época deixaram na nossa boca um gostinho de “quero mais”? Ficou uma certa melancolia misturada com saudade, daqueles dias em que podíamos sair quase a qualquer hora sem medo de atos violentos, e isso nem faz tanto tempo assim.
Essa cidade, cuja biografia estamos escrevendo hoje (escrita por seus governantes, seus assessores, e também por seus moradores) pode ser brilhante e divertida, e pode ter um belo currículo a lhe abrir as portas, mas precisa que nós, que somos parte de sua biografia, a tragamos de volta a razão. Em meio à sua história houveram boas decisões, mas precisamos de mais. Mais vontade, mais cobrança, mais ousadia.
Voltando às ações e omissões: entendo que, antes, ser ousado era mais simples, pois havia um grande objetivo que era comum e outros, secundários, facilmente podiam ser deixados em segundo plano. Mas cresceu a cidade e cresceu a população, cresceram os problemas, e cresceu muito o número de necessidades e objetivos distintos, tanto individuais quanto coletivos. Agora, ser ousado é um risco. Mas existe um risco maior: o de que as pessoas fiquem eternamente em segundo plano nas políticas públicas, recebendo vez por outra ações (atenções) paliativas destinadas a minimizar situações aparentemente consideradas apenas como pontuais. Acredito piamente que nosso maior defeito é querer resolver o problema que temos HOJE, que sabemos que nasceu há muitos ONTENS, e que AMANHÃ, quando finalmente estivemos perto de resolver, já terá mudado. Será um problema diferente!
Sempre que estou guiando grupos, não meço esforços para que as pessoas se envolvam umas com as outras, para que surja emoção, entre elas, para que tenham histórias em comum, e que com isso a viagem valha mais ainda a pena. Nessa cidade, precisamos de locais para contar histórias.
Minha primeira sugestão: aos domingos, das 09:00 às 13:00 horas, a Avenida Visconde de Guarapuava, por exemplo, teria uma das pistas fechada para o trânsito de carros em toda a sua extensão, ficando exclusivamente para bicicletas, skates, pedestres, patinadores e etc. Esse seria um novo espaço de viver momentos alegres e criar novas histórias. Essa iniciativa poderia ocorrer também em vários bairros, com ruas sendo destinadas ÀS PESSOAS, PARA QUE AS PESSOAS que nela vivem possam redescobrir o prazer de andar por elas, brincar nelas, ou simplesmente sentar à beira da rua e olhar os que passam.
Isso sim seria ousado, isso seria pensar nas pessoas. E pensar nas pessoas pode ser o nascimento de um laço afetivo!
Texto da "Gazeta do Povo":
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=921516&tit=Bicicletas-e-a-historia-afetiva-da-cidade
Abraços,
Jhansen R. Machado
Última edição por Admin em Sex 29 Jul 2011 - 11:26, editado 9 vez(es)
Re: Ações, omissões e afetividade!
Olá! Aproveitando esse pensar sobre a cidade, gostaria de ouvir sugestões a respeito do espaço atualmente ocupado pelas canaletas e que, depois do tal metrô, seria transformado em espaço de convivência. Como ocupar as atuais canaletas?
Ainda sobre discussão do espaço público, convido aqui para que acessem nosso blog e ajudem na discussão:
- O metrô curitibano e “nóis na fita”;
- Sobre o Trânsito e a Filosofia;
- “Nós” é maior do que eu, tu, ela, ele, vós, eles, elas…;
- Sobre o útil e o agradável;
- Ainda sobre o transporte nas cidades…;
- Fim da GM, início de outra discussão…
Obrigado e um abraço!
Nilton Cezar Tridapalli
http://midiaeducacao.wordpress.com
Ainda sobre discussão do espaço público, convido aqui para que acessem nosso blog e ajudem na discussão:
- O metrô curitibano e “nóis na fita”;
- Sobre o Trânsito e a Filosofia;
- “Nós” é maior do que eu, tu, ela, ele, vós, eles, elas…;
- Sobre o útil e o agradável;
- Ainda sobre o transporte nas cidades…;
- Fim da GM, início de outra discussão…
Obrigado e um abraço!
Nilton Cezar Tridapalli
http://midiaeducacao.wordpress.com
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